25 de mar. de 2020

A peste negra e o coronavírus: duas pragas em perspectiva

No ano de 1345, ocorreu no signo de Aquário uma conjunção Júpiter-Saturno. Ela seria a quarta conjunção na série de conjunções médias nos signos da triplicidade de ar, a partir do ano de 1285.

Dois anos depois da conjunção, galeras genovesas desembarcam na Sicília, possivelmente com roedores infestados de um tipo de pulga. Era a peste negra chegando à Europa.

Dito isto, vamos ver o ano em que ocorreu a peste do século XIV e seus indicadores astrológicos.

Levi Ben Gershon, judeu "astrônomo", matemático e, ainda por cima, rabino, (também conhecido como Gersônides) teria previsto a praga, como consta nos seu relato, que podem ser vistos na publicação de David Pingree na Sociedade Americana de Filosofia.

No registro do prognóstico, há a menção de uma série de questões muito sérias, incluindo doenças, devido à co-presença de marte com Júpiter e Saturno em Aquário, um signo de forma humana. Levi previu que a conjunção afetaria Israel por ser no signo fixo de ar*, que representa a região.

*Segundo os estudiosos do Torá e do Talmude, Israel não tem um signo que o represente. Entretanto, quando se desvia dos Caminhos do Senhor, seu signo é Aquário - curiosamente, o mesmo signo que um estudioso do Torá, Abraham Ibn Ezra, atribui a Satã.

Levi usou o mapa da conjunção real, e não o mapa de ingresso do sol em Áries do mesmo ano da conjunção, método de preferência de astrólogos medievais como Abū Maʿšar e Māshā'allāh.

A peste do rato versus a peste do vírus. 

Enquanto estamos preocupados com uma epidemia que já matou cerca de 21000 pessoas (até a data em que este artigo foi escrito, mas a atualização pode ser conferida aqui), a peste negra varreu a Eurasia e matou cerca de cinquenta milhões. Se, com essa comparação, não quero menosprezar a situação atual, por que eu a faço? É importante dizer isso porque colocar a epidemia atual em perspectiva nos ajuda a encontrá-la astrologicamente.

Dentro do framework da astrologia medieval, grandes desastres naturais e epidemias são indicados pela conjunção Júpiter-Saturno, quando ela volta a ocorrer na triplicidade de fogo, a cada 960 anos. (Abū Maʿšar diz que ela tem de começar no signo de Áries, Umar al Tabari diz que é em Leão, e as últimas séries começaram em Sagitário).

O mapa dessa conjunção (seja qual for o método que você escolher) é importante, embora seja difícil saber qual seria a localidade ideal desse mapa para prognósticos mundiais, o que requer um estudo noutro artigo. De qualquer forma, independentemente da localidade, o signo da conjunção pode ser avançado ao ritmo de um signo por ano, tal qual uma profecção.

Com essa conjunção, estamos a falar de eventos muito impactantes, que dizimam uma parcela considerável da população mundial. A epidemia atual ainda não está perto disso, embora projeções conservadoras digam que apenas o Brasil terá dois milhões de óbitos. Se o signo da conjunção de fogo for ocupado por maléficos esse ano, pode indicar algo muito severo.

A última série de conjunções Júpiter-Saturno em signos de Fogo começou em novembro de 1782, no signo de Sagitário. Avançando esse signo ao ritmo de um grau por ano, de 1782 até 2019 (quando a epidemia começou na China) chega-se ao signo de Virgem. Para fazer esse cálculo, é como calcular profecções do Ascendente de uma pessoa.

O ingresso do sol em Áries para a capital da China em 2019 mostra um Ascendente Peixes, o que significa que esse ano será representado não apenas por esse mapa, mas por dois, a saber, um mapa por semestre:



Assim sendo, temos de checar o mapa de ingresso do sol em Libra para o mesmo ano:


Voilà! O mapa do semestre quando começou a pandemia tem o signo de Virgem na oitava casa e com a presença de marte em combustão, um maléfico contrário ao séquito do mapa (pois ele é noturno em mapa diurno).  No mesmo mapa, temos a Lua (significadora do povo) em oposição a Saturno.

Por si só, marte na 8 combusto já é sério. Some a isso que seu signo, de forma humana, indica dano aos homens, e a profundidade desse dano é mais severa ainda por este ser o signo da profecção da conjunção da mudança de triplicidade de água para fogo, ocorrida em Sagitário, no ano de 1782. 

Uma curiosidade: Kūshyār ibn Labbān atribui o signo de Câncer à China, mas possivelmente o signo de Libra também seja muito importante para o país, uma vez que ela despontou na economia mundial a partir da década de 80, após a conjunção Júpiter-Saturno em Libra.

Eclipses e seus estragos.

Um eclipse geralmente representa coisas muito sérias no cenário mundial. Curiosamente, a área de penumbra do eclipse ajuda a revelar quais continentes podem sofrer com o evento ou sua repercussão, e ela cai na China.

O planeta dinamicamente mais forte nesta figura é Saturno, que entrará nos raios do sol dois dias após o eclipse. Por reger um dos ângulos e ser angular, Saturno não indica coisas boas.

Interessante notar que, para o ano de 2019, Capricórnio é o signo da profecção da conjunção Júpiter-Saturno em Libra, ocorrida em 1981, que marca a mudança de triplicidade da terra para o ar. Esse mesmo Capricórnio, que ficou lotado de planetas ao longo do ano de 2019.

Conclusões parciais

Eu não me atreveria a dizer que apenas isso é suficiente para sinalizar uma tragédia como uma pandemia, entretanto mostra que a profecção da conjunção dos signos de fogo pode corroborar a representação de eventos severos no cenário mundial. Minha curiosidade em testá-la me fez ver que ela tem potencial de fazer parte da caixa de ferramentas do astrólogo medieval.

Eu espero a contribuição mais elaborada de astrólogos do ramo mas, por enquanto, fico contente com o êxito da técnica neste exemplo, e espero que ela funcione nos próximos.

Uma conjunção Júpiter-Saturno em Aquário similar àquela de 1345 ocorrerá nesse ano. Será que a pandemia está apenas começando? Será que ela durará tanto tempo quanto durou a peste negra? Não sei responder ainda a essas questões, mas tudo indica que essa pandemia não será igual às mais recentes.

2020 é um ano muito importante astrologicamente; o mais interessante é assim considerado tanto por astrólogos modernos quanto tradicionais que estudem astrologia mundial. Sua significância não cabe apenas num artigo. 




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