Os ângulos são as casas 1, 4, 7 e 10 do mapa astral. Eles são Centros de significação e de atividade. Entender isso pode levar anos para o estudante de astrologia.
Quando se redescobriu no ocidente os sistema de signos inteiros, os signos contados a partir do Ascendente passam a ser as casas. Portanto, os ângulos passam a ser o 1º, 4º, 7º e 10º signos contados a partir do Signo ascendente. Entretanto, muitos astrólogos que usam Signos inteiros desconsideram planetas nesses signos como "angulares" se eles não estiverem próximos do eixo Ascendente-Descendente nem do eixo Meio do Céu-fundo do Céu.
Este assunto é cercado de confusões até hoje, e talvez o que discutiremos aqui pode nos ajudar a entender melhor aonde está a tal "angularidade": se nos signos contados a partir do Ascendente ou nas Casas Quadrantes.
Definições e Fundamentos.
Um ângulo do mapa era chamado Kentron pelos gregos. É dele, inclusive, que origina o termo "Centro" na nossa língua.
A astrologia helenística chega à Índia por intermédio das rotas comerciais criadas por Alexandre, e com ela uma série de conceitos e seus nomes. "Kentron" é transliterado para o Sânscrito como "Kendra". Até hoje, o termo é usado frequentemente pelos Jyotishis (astrólogos da Índia ou seus seguidores mundiais), assim como Apoklima (as Casas Cadentes) e Panaphara (Sucedentes). Todos termos de origem grega.
No Sânscrito, a etimologia do termo "Kendra" não vai além do "empréstimo" da língua helênica. Não há nada na cultura indiana que se refira a este termo além dele representar os Ângulos de um mapa astrológico. No Grego, acontece o oposto. Há elementos quotidianos da cultura helênica definidos por esta palavra, e são desses elementos da vida quotidiana grega que se retiram os significados para o conceito astrológico.No mundo helênico, Kentron era um instrumento pontiagudo usado para tocar o gado que levava o arado. O gado era espetado pelo Kentron, se assustava e avançava pelo campo. O boi, outrora parado, preguiçoso, voltava a se ocupar.
Essa analogia é perfeita para entender que planetas ocupando os Kentroi (plural de Kentron) estão ocupados, mas seja bem claro nas definições! Diferentemente do que os astrólogos dizem por aí, estar ocupado pode ser diferente de estar forte! Força em qual sentido?! Depende muito da definição de força. Se os Kentron representam algum tipo de força, é apenas a força de se manter ativo e ocupado! Eu mesmo me considero uma pessoa fraca e tenho me ocupado consideravelmente nos últimos meses.
Ao mesmo tempo, o kentron é até hoje usado nos compassos, para traçar circunferências. Ele é a agulha do compasso, e daí que vem a significação de "Centro" ou "Central". O centro da circunferência fica onde a agulha finca o papel.
Os árabes também herdaram a significação dos ângulos de um instrumento pontiagudo. Chamavam os Centros de أوتاد (awtād), ESTACAS. Como se os ângulos fossem estacas que fincam as pontas das tendas no chão (e as mantém de pé).
O paradoxal movimento dos Centros
Ao longo do dia, o ângulo do Ascendente oscila mais ao norte e mais ao sul, em torno do ponto cardinal Leste. O Ascendente e Descendente podem ser mais ao norte ou mais ao Sul do Leste/Oeste Geográficos.
É um movimento complexo de se descrever, mas podemos vislumbrá-lo com a facilitação dos programas de Astrologia. Basta colocar nos mapas dos softwares de astrologia o ponto extra chamado EAST POINT (EP) ou EQUATORIAL ASCENDANT (EA) e avançarmos o mapa no tempo: veremos que o Ascendente que nós conhecemos, ao longo do dia, vai oscilar em torno do EA, ficando acima ou abaixo deste ponto, na ordem dos signos. É o Ascendente "sambando" em torno do Leste!
Mas isso não ocorre com o Meio do Céu...
A imobilidade horizontal do Meio do Céu
O meio do céu (Mc), chamado pelos Gregos de μεσουράνημα (mesouránēma, meso = meio, ouranos = céu), é o encontro do Meridiano com o Zodíaco.O meridiano local é um grande círculo que liga o Norte geográfico ao Sul geográfico, passando pelo zênite (ponto acima da cabeça) e pelo nadir. Onde a eclíptica/zodíaco cruzar este círculo, ali é o Meio do Céu.
O Meio do Céu não balança como o Ascendente. Ele não balança horizontalmente, mas oscila "verticalmente", (em altitude), parecendo mais alto ou mais baixo ao longo do dia. É o que se pode ver no exemplo abaixo. A linha verde é o meridiano, enquanto o Zodíaco é a linha vermelha. Onde elas se cruzam, é o "Meio do Céu".
Algumas implicações da imobilidade do Meio do Céu.
- Se considerarmos que um Kentron deve se portar da mesma forma que o Ascendente, a resposta é não. O meio do Céu, como vemos, não se comporta como o Ascendente. Ele não "samba" ao redor do Meridiano, ele é o cruzamento da eclíptica com o Meridiano.
- Se considerarmos que o Ascendente não é paradigmático para definir qualquer ângulo, a resposta pode ser entre "sim" ou "talvez", a depender do referencial.
Este mapa mapa tem uma grade azimutal. Nessa grade, o ponto mais alto do céu está na circunferência central, a bolinha menor. Quanto mais periférico na figura, mais baixo o ponto analisado.
Argumentos meia boca
Então cuidado com algumas eventuais argumentações que possam surgir por aí, baseadas em premissas astronômicas e etimológicas incompletas. Vamos simular aqui uma delas. O que vem a seguir não é o que eu penso, mas pode ser uma linha de argumentação a ser vista por aí:
Se os gregos chamavam as casas de Locais (Topos), e se os Locais, do ponto de vista do homem, são fixos no espaço, então isso significa que as casas devem se constituir em divisões fixas do espaço celeste. Divisões celestes que dividem o tempo ou o espaço celeste em porções fixas, como Placidus, Regiomontanus, Campanus, etc seriam escolhidas como sistemas de casas coerentes, ao invés do sistema de signos inteiros, que é uma simplificação grosseira da realidade astronômica, dada a precariedade em que vivia a maioria dos astrólogos do período helenístico. Pela mesma razão, devemos usar o Meio do Céu como a cúspide da Casa 10, porque ele é fixo no espaço.
O que diz a filosofia do período sobre espaços móveis?
Aristóteles, ao contrário, na Física, recusa essa noção de espaço fluido. Para ele, o lugar (tópos) é o limite imóvel do corpo que contém outro corpo: o espaço em si não se move, é o corpo que transita de um lugar a outro.
Assim, enquanto Platão concebe o espaço como algo dinâmico e instável, Aristóteles fixa a categoria de lugar como estável, transferindo toda a mobilidade apenas ao movimento dos corpos.
Como a astrologia foi supostamente alicerçada predominantemente por integrantes do Platonismo Médio, não seria absurdo pensar que os ângulos não seriam resultantes de divisões arbitrárias que ficariam imóveis no globo celeste.
Consideração temporal do Meio do Céu e um questionamento.
Conclusões temporárias
- Oscila em torno do Leste, mais para norte ou mais para o sul.
- Quando o Sol está ali, o dia começa.
- Não tem a oscilação similar ao Ascendente
- Não é o local mais alto do mapa, como muitos falam por aí.
- tampouco é o local mais alto do zodíaco
- A única coisa em comum com o Ascendente é representar a passagem do tempo. Quando o Sol está ali, é meio dia.
- Se comporta da mesma forma que o Ascendente, oscilando em torno do Meridiano.
- É o local mais alto do zodíaco no mapa.
- Quando o Sol está ali, não tem nenhuma consideração particular, além de estar no local mais alto do mapa (e, portanto, teria uma simbologia para status muito mais evidente que o Meio do Céu).

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