24 de set. de 2024

Quais livros eu mais usei na minha prática (de verdade)?

Estou pensando qual foi o livro de astrologia que eu mais usei e que me deu os melhores resultados.

De astrologia horária, são os livros de Masha'Allah (On Reception) e John Frawley, os dois empatados.

De revolução solar, o "Minha vida perante os astros" e o Livro 23 do Astrologia Gallica, além do livro de Revoluções Solares do Abu Ma'Shar.

Estes livros estão em ordem decrescente de quantidade de ideias que me foram mais úteis na minha prática. Quem disseca cada capítulo do primeiro mencionado vai aprender a ler uma Revolução combinada a direções primárias de um modo melhor que muito astrólogo figurão por aí.

De astrologia natal, vai soar vergonhoso, mas eu não sei dizer qual o livro mais importante!

Na hora de interpretar uma natividade, eu uso uma série de técnicas compiladas de diversos autores - e até hoje não estou plenamente satisfeito com nenhuma delas. Por isso que temporariamente não estou fazendo mapas natais.

Sinto que nenhum livro de astrologia natal é bom o bastante para merecer uma indicação definitiva, algo do tipo: "compre esse apenas". Minha abordagem, nesse caso, se aproxima dos estudiosos: "compre TODOS que forem surgindo ao longo dos anos, de autores até a idade média". Mas não recomendo isto se você for apenas um praticante casual.

Minha falta de indicação em livros natais vai demandar mais alguns parágrafos a seguir, porque suscita uma reflexão mais profunda.

Interpretar pode ser simples. Achar significadores que é complicado

Sinto que existe uma maneira de se interpretar o mapa natal que deve ser executada em todas os assuntos, e o autor que chegou mais perto disso foi Morinus. Só que ele não foi tão claro assim em exemplos e acho que estreitou demais sua busca.

Por exemplo, o tópico de doenças. Pela teoria das determinações planetárias dada pelo autor, doenças seriam indicadas pela Casa 6. Mas quem analisa apenas a casa 6 pode não ver coisas muito importantes - sendo que muitas vezes a casa 6 não representa doenças! Ela é o local onde Marte se regozija, é o local de má fortuna, e isto inclui uma série de azares além de doenças.

Uma pessoa pode ter sérios problemas oftalmológicos ao ter uma das "estrelas que ferem os olhos" no ascendente, portanto nada a ver com a Casa 6 - e os meus críticos dirão que isso é óbvio porque o Ascendente representa o corpo físico - logo, o que eu falei não seria nada de novo.

Mas eu acredito que nem mesmo estes críticos saibam analisar o Ascendente para se checar doenças, no típico caso de "chegar até a ilha do tesouro mas não saber onde o tesouro está" - algo que ocorre o tempo todo com astrólogos: não basta saber quais os significadores, mas como se deve analisá-los.

Eu sinto que basicamente, uma boa leitura natal deve compreender o entendimento amplamente conhecido das casas, conjugado a um entendimento profundo das indicações das estrelas fixas (geral e específico, pois há estrelas que causam danos específicos, como as mencionadas) e, da mesma forma que as estrelas, um entendimento tanto geral quanto específico do que os planetas representam. Adquirir estes dois últimos dependem unicamente da experiência e da intuição do autor, porque os autores ao longo dos séculos apenas deram os significados mais gerais.

Por exemplo, Marte é o significador essencial de irmãos na astrologia. Entretanto, Rhetorius nos diz que a Lua representa irmãs mais velhas, Vênus irmãs mais novas, Saturno e o Sol irmãos mais velhos, etc. Ou seja, o significador geral de irmãos é Marte, mas cada planeta contempla uma significação específica dentro deste tópico! E, infelizmente, apenas nos tópicos de irmãos e de filhos é que tomamos conhecimento dessas distinções!

Fico a pensar se o mesmo raciocínio acima poderia ser aplicado com qualquer assunto. Por exemplo, dizem que o Sol é o olho direito no homem (e o esquerdo na mulher). Mas, dentro dos olhos, qual planeta representaria a retina? Mais ainda: será correto estender esse raciocínio dos significadores específicos para qualquer tema? 

Colocando isto no contexto do estudo de doenças: Se ainda temos dificuldade em saber qual seria um significador ideal para um determinado órgão (autores divergem em muitos casos ou sequer os citam), mais difícil ainda seria deduzir qual seria os significadores para estruturas específicas desde mesmo órgão!

Indicando um livro batido e subestimado

Deixando de lado a complicação dos significadores por enquanto, voltemos ao que seria uma indicação de livro natal inusitada. Durante muitos anos, eu evitei me aprofundar muito neste livro que vou indicar por pensar ser uma obra bastante enviesada, mas meu pensamento tem mudado. No ano em que escrevo este texto (2024), tenho a intuição de que devemos insistir com o Tetrabiblos de Ptolomeu e com o Carmen Astrologicum, ou Pentateuco, de Doroteu de Sidon - entretanto, se for pra se concentrar e fazer a coisa direito, por enquanto, eu insistiria apenas com Ptolomeu.

De fato, Ptolomeu pode ter reformado a astrologia para se adequar ao seu pensamento naturalista aristotélico, mas muito do que ele trazia era coisa oriunda dos "fundadores" deste saber. Hefaísto de Tebas defendeu este ponto de vista dizendo que vários trechos de Ptolomeu são paráfrases do enorme livro de natividades do faraó Nechepso e do seu escriba Petosiris, que seria em tese o primeiro livro de astrologia natal. Portanto, a meu ver, é preciso desbravar o pedantismo e a inespecificidade do texto de Ptolomeu.

Para tanto, é mister uma tradução minimamente decente. Eu insistiria nas traduções mais recentes, a partir de Robert Schmidt - e não apenas este, mas qualquer tradutor de Ptolomeu que tenha surgido depois dele, de preferência astrólogo. E também incluiria traduções de comentaristas historicamente próximos de Ptolomeu, como Porfírio e Hefaísto de Tebas (que comenta não apenas Ptolomeu, mas também Doroteu).

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