25 de fev. de 2023

A restauração da astrologia

Na astrologia tradicional, há muitos conceitos que ninguém sabe aplicar direito.

Quem diz que sabe lidar com alguns conceitos misteriosos, na verdade está testando suas soluções próprias, e já teve algum sucesso com elas. Mas isso não significa que estes sejam os intentos originais de quem criou o conceito.

Muitos conceitos dentro da astrologia estão incompletos na suas exposições. Faltam alguma coisa neles, que ninguém explicou direito. 

Se estes conceitos fossem obras de arte, seriam como a Venus de Milo:

A gente está tão acostumado a ver essa estátua sem os braços, que às vezes se esquece de que, originalmente, ela não era assim! Aí embaixo, você vê uma reconstrução plausível:

 

Este é o momento no qual eu e muitos astrólogos estamos: usando reconstruções plausíveis de conceitos astrológicos antigos! 

Nós buscamos aquilo que é mais lógico no que seria o pensamento do homem antigo, e fazer isso não é adivinhar: há milhares de pistas nos manuscritos, e a prática mostra que muitos desses conceitos repensados funcionam muito bem.

Existem outros conceitos que foram modificados ao longo do tempo, gerando versões diferentes e, em muitos casos, piores, que não funcionam muito bem. Se o conceito original fosse isto:

... a versão que se popularizou séculos depois, seria essa:

Você deve se lembrar, há dez anos atrás, que uma senhora bem intencionada - mas sem treinamento artístico, nem de restauração - de uma cidadezinha da Espanha resolveu restaurar a pintura da ilustração anterior, gerando como resultado infeliz a figura bizarra acima. 

Isto é mais ou menos o que aconteceu com muitos conceitos astrológicos que foram passados para a astrologia moderna: a versão resultante desses conceitos é incompleta ou deformada, e por isso não funcionam muito bem. 

Como exemplo recente aqui no blogue, basta lembrar que o programa de astrologia Solar Fire usou como bibliografia durante anos o livro Arcana of Astrology, de Sepharial, que tinham fórmulas erradas para direções primárias entre planetas. Ptolomeu expôs a técnica das direções primárias no século II d.C.; Sepharial foi um autor e astrólogo do século XIX.

É por isso que muita gente acha que astrologia tradicional não funciona. Usam conceitos que precisam ser revisitados, reaprendidos. 

É pela mesma razão acima que a exposição de um conceito astrológico na internet sempre vem acompanhado de comentários dizendo que "no meu mapa não funciona": a leitura de uma natividade só é definitiva quando se ajuntam todos os testemunhos sobre um mesmo tema, chegando-se a um veredicto.

Não vou presumir a infalibilidade da astrologia tradicional: muitos casos, ainda que bem julgados, usando-se a técnica correta, podem dar com os burros n'água! Porém, no estado de coisas que nos encontramos, presumir que está usando a técnica correta e completa, pode ser algo perigoso.

É por isso que precisamos aprender com a realidade que nos cerca! 

Pare de querer que os mapas digam aquilo que você acha que eles deveriam dizer, e comece a ver o que eles realmente dizem.


 

 

 

 




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