28 de ago. de 2014

Como prever se um evento será ruim ou bom?

Essa é mais uma das perguntas que parecem tolas à primeira vista mas, quando se trata de previsão, ela é capital. Vamos recapitular alguns conceitos.

Os planetas são divididos em maléficos e benéficos. Os planetas maléficos são normalmente associados a detalhes desagradáveis da nossa existência, enquanto os benéficos são associados ao oposto.

A princípio, seria de se esperar que benéficos indicassem eventos necessariamente bons, e maléficos ruins. Mas essa é uma conclusão errada, baseada na confusão dos termos "bom" com "agradável" e "ruim" com "desagradável". Eles não são sinônimos.

Se você está vivo hoje por ter os braços furados durante um mês para tomar antibióticos intravenosos e se livrar de uma infecção generalizada, vai entender que nem tudo que faz bem a nós é agradável. Na verdade, talvez uma porcentagem muito grande da manutenção da nossa existência se deva a fazer coisas que não estejamos com vontade, que demandem esforço e sejam estressantes. Desculpe-me o moralismo, mas a vida é assim!

Portanto, os maléficos são desagradáveis, mas eles podem representar coisas boas para nós. Mutatis mutandis para os benéficos. Então vamos analisar uma época interessante da minha vida, que nos fará questionar o conceito de benéfico ser bom e maléfico ruim.

Como vocês devem saber, em 2007 eu caí de um muro e sofri uma fratura grave de tíbia e fíbula, cuja redução cirúrgica gerou (provavelmente) duas osteomielites, que me custaram quase um mês de internação cada. Logo em seguida (2008-2009), minha perna apresentou um desvio de eixo que me rendeu mais duas cirurgias de correção: uma para inserir um fixador externo, e outra para retirá-lo.

Somente quase dois anos após minha queda (junho de 2009) que tive plena recuperação e hoje ando normalmente, porém apresento uma artrose no joelho e a condição de ser portador de uma bactéria encapsulada na medula da tíbia direita, que pode proliferar toda vez que minha imunidade baixar, gerando outra osteomielite.

Inadvertidamente, seria de se esperar que o período entre 2007 e 2009 fosse representado por maléficos em meu mapa, mas isto está longe de ser verdadeiro. Nessa época, olhando simplesmente pelas direções dos termos, eu vivia a direção do Ascendente pelos termos de Mercúrio, iniciada em 2002, e que duraria até 2009.

Meu mercúrio natal se encontra na Casa 12 (internações, hospitais, presídios) em queda, uma porcaria de planeta. Felizmente, é salvaguardado pelo testemunho de Júpiter em trígono: ainda que o aspecto entre ambos seja separativo, é garantia de que os males mercuriais são reparáveis.

Dentro dos termos de mercúrio, o Ascendente dirigido avança e passa, em 2003, ao aspecto de Júpiter em Escorpião, na casa 7, no oitavo signo, regente das casas 12 e 9, em oposição a Lua, regente da casa 4, indicando um período de mudança de residência (4), viagem (9), relacionamentos (7) mas também de crises pessoais (8) e internações (12).

Se analisarmos Mercúrio e Júpiter apenas pelas suas significações essenciais, eles indicam coisas boas. Mas um período nunca é puramente bom ou ruim, a despeito dos regentes ativados serem maléficos ou benéficos. De fato, este foi o período em que eu mais me relacionei, (chegando a me casar), me mudei de residência, mas também sofri um acidente e penei para tratar suas consequências no meu corpo.

No exemplo acima, as casas onde se encontram os planetas - bem como aquelas que eles regem - indicam muito mais o que aconteceu do que apenas seus significados essenciais. Diante disto, cabe-nos a questão: qual a utilidade do conceito de maléficos e benéficos?

A resposta é simples. Mesmo que esse conceito não nos sirva para definir o quão bom ou ruim um evento será, sua utilidade é grandiosa na interpretação natal. Pessoas que tem benéficos aspectando o Ascendente tendem a ser mais bonitas que pessoas cujos ascendentes são vistos por maléficos, e esse é apenas um dos exemplos. Em previsões, porém, não levaria muito esse dado em consideração.

De fato, casas com benéficos contém assuntos mais agradáveis do que casas que contenham maléficos. Mas as casas não mudam seus temas apenas por possuírem planetas que contradigam seus significados. Cada dia a mais percebo que planetas são totalmente subjugados às casas onde se encontram. Para entender isso, vamos ao que seria o exemplo mais extremo: como seriam planetas benéficos (Sol, Lua, Mercúrio, Vênus, Júpiter) dentro de uma casa maléfica (6, 8, 12).

Eu tenho mercúrio na casa 12. Ele significa estudos, e a casa 12 representa hospitais e reclusão. Socialmente falando, é bom estudar medicina. Mas os significados da casa 12 ainda estão lá: Temos de ver cadáveres, gente sofrendo, sentir odores pútridos, ouvir segredos nefastos e incessantes reclamações mas, sendo um mercúrio um benéfico, vivi isso da melhor forma possível: estudando esses problemas para ajudar as pessoas a se curarem. Mesmo quando o planeta apresenta sua melhor expressão, aquilo que a casa maléfica representa ainda está diante de nós.

Mas as direções primárias do Ascendente mostraram que mercúrio não significa apenas medicina no meu mapa... Como estamos falando de uma técnica de previsão de longa duração, a direção do Ascendente pelos termos de mercúrio abre uma janela muito ampla de significados de casa 12. Quanto mais tempo um planeta administrar a vida do nativo numa técnica preditiva, maior a chance dele manifestar todos os significados da casa que ele rege, ao invés de apenas um ou dois. Para saber qual será o significado exato, deve-se analisar as revoluções solares anualmente. Então, durante o período que o Ascendente ficou sujeito à simbologia de mercúrio (2002-2009), não apenas me engajei numa faculdade de medicina, mas também sofri internações hospitalares.

Portanto, cabe-nos a pergunta: se um benéfico numa casa maléfica não nos impedirá de vivenciar os males indicados por ela, o que pode nos proteger dos significados das casas maléficas nos gerarem grande mal? Até agora, existem duas variáveis que podem virar o jogo para alguma vantagem ao nativo:

  1. A casa maléfica receber o aspecto de benéficos.
  2. A posição do lote da fortuna e do espírito dentro da casa maléfica

Se você tiver um benéfico numa casa maléfica os males ainda acontecem, materializados nos significados do planeta em questão. Entretanto, se este mesmo benéfico tiver o aspecto de um outro benéfico - o primeiro item da lista - isso tende a proteger o nativo dos males da casa, livrando-o de maiores consequências. Devido ao aspecto de Júpiter, eu consegui me safar da minha condição hospitalar sem maiores consequências. Outras pessoas não tiveram a mesma sorte que eu, sendo submetidas a condutas médicas erradas ou desleixadas, progredindo suas infecções e tendo que amputar seus membros.

O segundo item da lista já é citado por Vettius Valens, no século II d.C. Segundo ele, se a casa maléfica contiver um dos dois lotes mencionados, os significados dela podem se tornar lucrativos para o nativo. E é por isso que, tendo o lote do espírito na casa 12 conjunto a mercúrio, consegui juntar algum patrimônio pela profissão médica!

Portanto, os significados de uma casa acontecerão independentemente do tipo de planetas que estiverem dentro dela. A diferença consiste no nível de expressão daquele planeta: benéficos fazem com que a pessoa lide de forma mais positiva com os males da casa, mas não se engane: ainda assim eles vão acontecer ao nativo.

Parâmetros diferentes mudam o julgamento? Astrologia Clássica na Itália.

Parâmetros diferentes mudam o julgamento? Astrologia Clássica na Itália. Um exemplo do exposto Conclusão, (como sempre, temporária…)...